A Base Nacional Comum Curricular acredita que as crianças brasileiras devem aprender, por meio de interações e brincadeiras e, para isso, estipula direitos de aprendizagem e desenvolvimento que são pautados pelos campos de experiência.
Portanto, você e os educadores de sua escola deverão conhecer profundamente estes campos de experiência para saber usá-los de maneira adequada, elaborando um currículo que assegure às crianças um desenvolvimento completo com base nas diretrizes exigidas na BNCC.
Porém, sabemos que a Base é um documento muitíssimo extenso e novo, o que gera muitas dúvidas em coordenadores, professores e diretores. E é por isso que neste artigo, vamos te mostrar quais são e ainda as características particulares de cada um dos campos de experiência BNCC. Acompanhe e tenha uma boa leitura!
Quais os campos de experiência BNCC?
A BNCC ensino infantil, como mencionamos anteriormente, assegura alguns direitos de aprendizagem e desenvolvimento que serão efetivados através dos campos de experiência BNCC.
Antes de contarmos quantos e quais são os campos de experiência, vamos te mostrar quais são os direitos de aprendizagem e desenvolvimento.
Quais são os direitos de aprendizagem e desenvolvimento?
Veja então quais são os 6 direitos de aprendizagem e desenvolvimento:
- conviver;
- brincar;
- participar;
- explorar;
- expressar;
- conhecer-se.
Estes direitos só serão atingidos por meio da execução do campos de experiência pelos educadores da educação infantil.
Os campos de experiência BNCC são 5 e deverão guiar o currículo das crianças que possuam faixa etária que vai de 0 até os 5 anos e 11 meses de vida. A seguir vamos te mostrar as características de cada um deles. Confira!
1. O eu, o outro e o nós
O primeiro dos campos de experiência BNCC é: O eu, o outro e o nós. Neste campo, serão trabalhadas brincadeiras e atividades lúdicas que desenvolvam as relações da criança com ela mesma, com o outro e ainda a relação dela com colegas, com o professor, com pais, enfim, com toda a sociedade em geral.
Veja o que a BNCC fala sobre isso:
“É na interação com os pares e com adultos que as crianças vão constituindo um modo próprio de agir, sentir e pensar e vão descobrindo que existem outros modos de vida, pessoas diferentes, com outros pontos de vista. Conforme vivem suas primeiras experiências sociais (na família, na instituição escolar, na coletividade), constroem percepções e questionamentos sobre si e sobre os outros, diferenciando-se e, simultaneamente, identificando- se como seres individuais e sociais. Ao mesmo tempo que participam de relações sociais e de cuidados pessoais, as crianças constroem sua autonomia e senso de autocuidado, de reciprocidade e de interdependência com o meio.”
É neste campo que as crianças estarão em contato com outras culturas e com a diversidade. Lembrando que tudo isso deve ser feito de maneira bastante tranquila e lúdica, para que o contato com o outro seja feito da melhor maneira possível.
Mesmo porque sabemos que nenhuma criança nasce com qualquer tipo de preconceito e nesta fase deve-se reforçar que este tipo de comportamento é inapropriado e que o respeito e a empatia devem sempre nortear o caminho e o caráter destas crianças que se tornarão jovens e moldarão a sociedade no futuro.
Sobre este campo de experiência, a BNCC conclui:
“Por sua vez, na Educação Infantil, é preciso criar oportunidades para que as crianças entrem em contato com outros grupos sociais e culturais, outros modos de vida, diferentes atitudes, técnicas e rituais de cuidados pessoais e do grupo, costumes, celebrações e narrativas. Nessas experiências, elas podem ampliar o modo de perceber a si mesmas e ao outro, valorizar sua identidade, respeitar os outros e reconhecer as diferenças que nos constituem como seres humanos.”
Este é um campo em que a criança deve, de fato, experimentar e conhecer outras culturas para saber lidar com o diferente com respeito.
2. Corpo, gestos e movimentos
O segundo dos campos de experiência BNCC é: Corpo, gestos e movimentos.
Desde muito novinhos, as crianças experienciam o mundo por meio dos sentidos, portanto, é por meio do corpo, dos gestos e dos movimentos que eles têm o seu primeiro contato com o mundo real, um mundo diferente do qual estavam acostumados dentro da barriga de suas mães.
Este campo vai trabalhar, por meio dos sentidos, dos gestos, dos movimentos intencionais ou impulsivos, coordenados ou espontâneos o desenvolvimento da criança.
A partir da vivência corporal, as crianças deverão estabelecer relações, expressar-se, brincar e produzir conhecimentos sobre si mesmas e sobre o universo ao qual fazem parte, além de começar a desenvolver e aperfeiçoar a linguagem. Afinal, o corpo também fala e é preciso, em primeiro lugar, desenvolver a linguagem corporal para posteriormente passarmos à estruturação da comunicação verbal usando a língua falada.
Este campo será então um passo anterior ao desenvolvimento do uso completo do idioma materno e ainda das regras gramaticais que as quais as crianças verão mais tarde.
Veja o que a BNCC fala sobre este campo:
“Por meio das diferentes linguagens, como a música, a dança, o teatro, as brincadeiras de faz de conta, elas se comunicam e se expressam no entrelaçamento entre corpo, emoção e linguagem. As crianças conhecem e reconhecem as sensações e funções de seu corpo e, com seus gestos e movimentos, identificam suas potencialidades e seus limites, desenvolvendo, ao mesmo tempo, a consciência sobre o que é seguro e o que pode ser um risco à sua integridade física.”
Neste campo, os educadores deverão mostrar à criança que o seu corpo deve ser cuidado por elas com carinho e atenção. É ainda aqui que os ensinamentos sobre o respeito e o limite que a criança deve impor ao outro sobre si e o seu corpo começam a florescer.
O corpo das crianças deverá ganhar centralidade neste campo de experiência da BNCC, confira o que documento disserta sobre isto especificamente:
“Na Educação Infantil, o corpo das crianças ganha centralidade, pois ele é o partícipe privilegiado das práticas pedagógicas de cuidado físico, orientadas para a emancipação e a liberdade, e não para a submissão. Assim, a instituição escolar precisa promover oportunidades ricas para que as crianças possam, sempre animadas pelo espírito lúdico e na interação com seus pares, explorar e vivenciar um amplo repertório de movimentos, gestos, olhares, sons e mímicas com o corpo, para descobrir variados modos de ocupação e uso do espaço com o corpo (tais como sentar com apoio, rastejar, engatinhar, escorregar, caminhar apoiando-se em berços, mesas e cordas, saltar, escalar, equilibrar-se, correr, dar cambalhotas, alongar-se etc.).”
3. Traços, sons, cores e formas
O terceiro dos campos de experiência BNCC é: Traços, sons cores e formas.
Neste campo de experiência, as crianças deverão ter contato com manifestações artísticas, culturais e científicas, a fim de dar início ao desenvolvimento do conhecimento sobre cultura e também ao processo de produção cultural autônoma, criando suas próprias artes.
Isso só será possível se os professores trouxerem à sala de aula a música, o teatro, a dança, os filmes, as fotografias, as pinturas etc. e trabalhar com as crianças o desenvolvimento destas vertentes artísticas. Veja o que a BNCC educação infantil fala sobre este campo de experiência:
“Essas experiências contribuem para que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca. Portanto, a Educação Infantil precisa promover a participação das crianças em tempos e espaços para a produção, manifestação e apreciação artística, de modo a favorecer o desenvolvimento da sensibilidade, da criatividade e da expressão pessoal das crianças, permitindo que se apropriem e reconfigurem, permanentemente, a cultura e potencializem suas singularidades, ao ampliar repertórios e interpretar suas experiências e vivências artísticas.”
O incentivo à arte e à produção cultural deve começar cedo. Portanto, já estabeleça com sua equipe pedagógica e docente que este ponto deve estar incluído em seu planejamento anual para a Educação Infantil, para que ele fique 100% alinhado à BNCC.
4. Escuta, fala, pensamento e imaginação
O quarto dos 5 campos de experiência BNCC é: Escuta fala, pensamento e imaginação.
Este é um campo de grande desenvolvimento da linguagem e da criatividade das crianças. Desde que nascem, as crianças começam a desenvolver a comunicação. Primeiro, elas usam o corpo, o choro, o riso, o tato e o olhar para estabelecer esta comunicação. Ao longo dos anos vão desenvolvendo sons e ruídos até falarem suas primeiras palavras.
E é neste campo de experiência que elas começarão a desenvolver a comunicação de maneira completa, por meio não só da fala, como da escuta, do desenvolvimento do pensamento e da imaginação, a fim de que consigam se apropriar de sua língua materna em sua totalidade e se comunicar com as pessoas a sua volta.
Pontuamos que a criança aprende a falar a sua língua materna sem nenhum esforço educacional, propriamente dito. Isso porque a língua materna é escutada por ela todos os dias em sua casa, no convívio da escola e isto vai sendo internalizado de maneira bastante natural. A criança não se dá conta, mas este é um processo de aprendizado, onde ela escuta e depois reproduz aquilo que aprendeu, mas este é um aprendizado que se dá naturalmente e sem intenção.
Na escola e, em especial, neste campo de experiência, a língua materna será então aprofundada, para que ela consiga se comunicar com qualquer pessoa que seja e em qualquer ocasião.
Portanto, aqui os educadores deverão promover experiências às crianças, experiências de fala e escuta, como a contagem de histórias de faz de conta, o estímulo do diálogo entre os colegas, incentivo na descrição oral de determinadas atividades e em narrativas individuais e em grupo.
É também aqui que a cultura escrita começa a ser trabalhada com mais afinco. Vamos ver o que a BNCC fala sobre isso:
“Desde cedo, a criança manifesta curiosidade com relação à cultura escrita: ao ouvir e acompanhar a leitura de textos, ao observar os muitos textos que circulam no contexto familiar, comunitário e escolar, ela vai construindo sua concepção de língua escrita, reconhecendo diferentes usos sociais da escrita, dos gêneros, suportes e portadores. Na Educação Infantil, a imersão na cultura escrita deve partir do que as crianças conhecem e das curiosidades que deixam transparecer. As experiências com a literatura infantil, propostas pelo educador, mediador entre os textos e as crianças, contribuem para o desenvolvimento do gosto pela leitura, do estímulo à imaginação e da ampliação do conhecimento de mundo.”
A partir do contato das crianças com as histórias infantis e livros escritos, começa-se também o processo de ensino sobre os diferentes gêneros textuais, que serão aprofundados em um momento propício. A BNCC diz o seguinte sobre isso:
“(…) o contato com histórias, contos, fábulas, poemas, cordéis etc. propicia a familiaridade com livros, com diferentes gêneros literários, a diferenciação entre ilustrações e escrita, a aprendizagem da direção da escrita e as formas corretas de manipulação de livros. Nesse convívio com textos escritos, as crianças vão construindo hipóteses sobre a escrita que se revelam, inicialmente, em rabiscos e garatujas e, à medida que vão conhecendo letras, em escritas espontâneas, não convencionais, mas já indicativas da compreensão da escrita como sistema de representação da língua.”
5. Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações
E por fim, temos 5º e último dentre os campos de experiência BNCC, e ele é: Espaços, tempos, quantidades, relações e transformações.
Neste campo as crianças irão se deparar com as experiências mais concretas, que remetem à matemática e às ciências de modo geral. Neste momento elas verão o espaço, o tempo, as quantidades, as relações e as transformações de maneira bastante lúdica e divertida, assim como nos campos de experiência anteriores.
A curiosidade pelo mundo físico, pelos diferentes formatos dos objetos e ainda pelos fenômenos naturais é desenvolvida pelas crianças desde muito cedo. Mas é neste campo de experiência que essa curiosidade deve ser desenvolvida para se tornar, então, conhecimento. Veja o que a BNCC fala sobre isso:
“(…) a Educação Infantil precisa promover experiências nas quais as crianças possam fazer observações, manipular objetos, investigar e explorar seu entorno, levantar hipóteses e consultar fontes de informação para buscar respostas às suas curiosidades e indagações. Assim, a instituição escolar está criando oportunidades para que as crianças ampliem seus conhecimentos do mundo físico e sociocultural e possam utilizá-los em seu cotidiano.”
Você deve ter notado que os campos de experiência BNCC são o primeiro contato com conhecimentos que serão aprofundados pelas crianças em um futuro próximo. E, para isso, você e os educadores de sua escola precisam propiciar experiências às crianças, experiências divertidas, lúdicas e criativas que garantam aqueles 6 direitos de aprendizagem e desenvolvimento que mencionamos para você lá em cima.
Bom, esperamos que você tenha gostado do conteúdo deste post e que aproveite tudo o que te contamos sobre os campos de experiência BNCC para moldar o currículo das crianças de sua escola. E se quiser saber ainda mais sobre a Base, leia o artigo que fizemos sobre BNCC na prática e conheça ainda mais este documento tão importante.