De acordo com a UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), o Brasil passa por uma situação difícil quanto à nutrição de crianças e adolescentes.
Isso porque apesar da desnutrição infantil ter sido reduzida consideravelmente, muitas crianças, sobretudo as indígenas, ainda sofrem com este tipo de problema. E, por outro lado, há um aumento expressivo de crianças e adolescentes com sobrepeso e obesas.
A falta de nutrientes suficientes para o pleno desenvolvimento de crianças e adolescentes é algo que impacta diretamente no desempenho escolar.
Já está mais que comprovado que a alimentação e desempenho escolar devem andar juntos. Isso porque não há como adquirir conhecimento sem que todo o seu organismo funcione bem e com as vitaminas necessárias.
Bom, este é um assunto que vem sendo discutido há anos no cenário educacional brasileiro e não há como ser diferente. Por isso, neste artigo vamos te contar um pouco mais sobre a relação estreita que existe entre alimentação e desempenho escolar e ainda te mostrar algumas medidas que a sua escola pode tomar para melhorar a nutrição de crianças e adolescentes. Vamos lá?
Relação entre alimentação e desempenho escolar: entenda melhor
A alimentação e o desempenho escolar devem andar juntos sempre, como mencionamos anteriormente.
Porém, o Brasil ainda enfrenta sérias dificuldades em assegurar às crianças e adolescentes o direito à alimentação que é garantido pela Constituição de 1988.
A seguir vamos mostrar isso para você, te contando sobre os efeitos da desnutrição e da obesidade no desempenho escolar dos alunos. Acompanhe!
Desnutrição e dificuldade de desempenho escolar
Ainda que desnutrição infantil no país tenha caído consideravelmente, ainda hoje muitas crianças sem condições financeiras suficientes, sobretudo ribeirinhas e indígenas, ainda apresentam uma séria deficiência alimentar.
De acordo com uma pesquisa recente feita pela Unicef, 8 em cada 10 crianças Yanomami apresentam desnutrição crônica. Veja um trechinho do estudo:
“Os dados revelam que oito em cada dez crianças menores de 5 anos pesquisadas apresentam desnutrição crônica. O estudo, financiado e requisitado pelo UNICEF, foi realizado em parceria com Fiocruz, Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição (Cgan) do Ministério da Saúde, e a Fundação Nacional do Índio (Funai).
A pesquisa teve como foco o Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Yanomami e foi realizada nas aldeias do Polo Base de Auaris, em Roraima, e do Polo Base de Maturacá, no Amazonas. Os dados mostram que 81,2% das crianças menores de 5 anos pesquisadas têm baixa estatura para a idade (desnutrição crônica), 48,5% têm baixo peso para a idade (desnutrição aguda) e 67,8% estão anêmicas.”
Fica claro, portanto, que ainda que nos centros urbanos brasileiros o índice de desnutrição entre crianças tenha caído drasticamente, a realidade de tribos indígenas é diferente.
A desnutrição é um dos maiores empecilhos para o desenvolvimento de crianças, causando mudanças bruscas de humor e desconcentração.
Como crianças que não se alimentam de maneira regular e diária podem estudar, se desenvolver e melhorar seu desempenho? Este é um desafio que deve ser completamente sanado para que todas as crianças, sem distinção, como prega a BNCC, possam ter acesso ao ensino de qualidade.
Obesidade e dificuldade de desempenho escolar
Por outro lado, a alimentação e o desempenho escolar também encontram dificuldade quando o assunto é sobrepeso e obesidade infanto-juvenil.
De acordo, também, com dados da Unicef:
“(…) o aumento no consumo de alimentos ultraprocessados, ricos em gordura, sal e açúcar, com baixos teores de vitaminas, tem levado a um quadro de sobrepeso e obesidade que compromete a saúde. Uma em cada três crianças de 5 a 9 anos possui excesso de peso no Brasil (POF, 2008/2009). Entre os adolescentes, 17,1% estão com sobrepeso e 8,4% já são considerados obesos (Erica, 2016).”
A obesidade também dificulta o desenvolvimento pleno de crianças e adolescentes. Além disso, de acordo com Florence Bauer, representante do UNICEF no Brasil, crianças e adolescentes que sofrem com sobrepeso na infância têm muito mais chances de serem obesas e apresentarem problemas sérios de saúde na vida adulta, como hipertensão, diabetes e vários outros.
Ademais, a obesidade e o sobrepeso afetam a auto-estima de crianças e adolescentes, que sofrem diariamente com o bullying na escola, o que pode prejudicar diretamente seu o desempenho escolar.
Medidas para se obter uma boa nutrição dentro do ambiente escolar e melhorar o desempenho dos alunos
Pois bem, agora que você já sabe como a desnutrição e a obesidade afetam o desempenho escolar, vamos te mostrar quais as medidas que você e sua escola podem adotar para criar uma cultura de boa nutrição dentro de sua instituição de ensino.
1. A importância de se adotar uma alimentação balanceada na escola
Alimentação e desempenho escolar são aliados quando a escola adota medidas que façam com que a alimentação de crianças e adolescentes seja balanceada dentro do ambiente escolar.
É dever da escola apresentar um cardápio que possua os nutrientes necessários para a boa alimentação de seus alunos.
Há uma regulamentação quanto a isso nas escolas públicas brasileiras, porém nas escolas particulares isso ainda não é tão bem definido.
Além disso, as escolas particulares não são obrigadas por lei a disponibilizarem alimentos. Na verdade, essas instituições vendem os produtos de alguma lanchonete e, geralmente, estes alimentos, em sua maioria, são gordurosos, como salgados, ou ainda cheios de açúcar, como biscoitos recheados.
Seria interessante, então, que as escolas promovessem uma melhor alimentação, oferecendo produtos saudáveis, como saladas de frutas, saladas e alimentos balanceados para evitar o sobrepeso de seus estudantes.
2. A importância de se desenvolver uma educação voltada à nutrição
Outro ponto interessante para tornar a alimentação e o desempenho escolar parceiros é o desenvolvimento de uma educação voltada à nutrição.
O coordenador e a equipe pedagógica devem desenvolver metodologias para trabalhar com os estudantes a importância de se manter uma alimentação balanceada na escola e em casa.
Aulas voltadas à educação alimentar vão conscientizar os alunos a terem também uma vida mais saudável e praticar atividades físicas. Pensar em planejamentos anuais e mesmo planos de aula que abarquem essa temática é fundamental para criar jovens que reflitam sobre o que comem e que possam se desenvolver plenamente.
3. A importância de se ensinar a crianças e adolescentes o não desperdício e partilhamento
Além das duas medidas descritas acima, uma outra que também visa fazer da alimentação e desempenho escolar verdadeiros aliados tem a ver com a importância de se ensinar a crianças e adolescente o quanto o desperdício de alimentos é ruim e o quanto o partilhamento pode fazer a diferença na vida daqueles que não têm o que comer.
A escola é responsável por ajudar a moldar o caráter da criança e do adolescente do século XXI. E nada melhor que pensar em dinâmicas e mesmo ações onde os alunos doem um pouquinho do que têm para aqueles que são menos favorecidos financeiramente, imprimindo neles a importância do não desperdício e de se partilhar e ajudar o outro.
Bom, esperamos que você tenha gostado de conhecer a relação entre a alimentação e desempenho escolar e que adote as medidas sugeridas para obter sempre o melhor desenvolvimento de seus alunos. Aproveite para ler nosso artigo sobre como desenvolver uma relatório de desempenho escolar!