Cada vez mais, instituições de ensino superior passam a adotar a nota do ENEM como processo seletivo de alunos. Adicione a este fato a cobrança por desempenhos cada vez melhores da média final na prova feita pelos inscritos na escola, que é obtida a partir da somatória da nota geral dos estudantes, dividida pelo número dos que fizeram a avaliação. Resultado? Uma pressão cada vez maior para o corpo docente lidar a cada ano.
Nesse contexto todo, muitas instituições têm dado atenção especial na preparação de alunos para se saírem bem na redação, uma das competências exigidas pelo Exame Nacional de Ensino Médio. Entre todas as provas aplicadas nesta avaliação, ela é a única em que as notas realmente valem de zero a dez. Nos demais cadernos, nos quais constam as questões objetivas, a pontuação é feita num método específico, que recebe o nome de Teoria da Resposta ao Item (TRI).
A prova de redação do ENEM é avaliada por cinco competências. Em cada uma delas, o candidato pode receber uma nota que varia de 0 a 200. A soma dos cinco itens pode fazer com que o texto receba a nota 1.000. No caso de o inscrito utilizar o Prouni (Programa Universidade para Todos) para ingressar numa instituição de ensino superior a redação pode ter um peso de até 50% no processo seletivo.
Pelo lado das escolas de educação básica, o desempenho dos alunos tem rendido uma imagem positiva (ou não) para a própria instituição de ensino. Muitas delas têm utilizado esse indicador final como meio para direcionar a ênfase de seu projeto pedagógico, pensando justamente em melhorar sua posição no ranking do ENEM. E é aí que a redação tem entrado com cada vez mais mais força.
Uma instituição privada da capital paulista, cuja média de redação está figurando entre as melhores do país, atribui esse saldo positivo a uma maior atenção dada no preparo dos alunos para encarar a redação, no segundo dia de provas. Corretores externos e oficinas de redação quinzenais são duas das estratégias adotadas para melhorar a proficiência textual dos alunos, desde o nono ano do ensino fundamental.
O outro lado da moeda
Embora seja um indicador importante para as escolas, é válido lembrar que o Ministério da Educação afirmou que a nota do ENEM não deve servir para avaliar a instituição em si. É lógico que esse resultado serve de parâmetro, especialmente, para o corpo docente focalizar esforços e potencializar aquilo que tem tido um resultado interessante. Pensando na formação integral dos educandos, não se pode restringir o desenvolvimento deles somente ao resultado publicado pelo MEC.
Um estudo interessante nesse sentido foi publicado na tese de doutorado do professor de biologia de uma escola da rede privada de São Paulo, Rodrigo Travitzki. Intitulado de “Enem: limites e possibilidades do Exame Nacional do Ensino Médio enquanto indicador de qualidade escolar”, a pesquisa acadêmica apresentou evidências importantes sobre os fatores que podem influenciar na nota da escola do ENEM. Vale a pena dar uma conferida, especialmente, para que você traga esse elemento para análise da escola. Certamente, com esse olhar, será mais fácil apresentar proposições para alavancar ainda mais o potencial dela.