Você já leu vários textos sobre o Novo Ensino Médio, mas ainda tem dúvidas em relação ao tema? Neste artigo, vamos explicar todos os detalhes da Lei nº 13.415/2017, que propõe mudanças na carga horária e no currículo do Ensino Médio.
Aqui, juntamos e organizamos várias fontes do Governo, de secretarias estaduais e de escolas que já estão implementando o novo modelo de ensino.
Este guia vai te ajudar a compreender o mínimo necessário para implementar o Novo Ensino Médio na sua escola. Além de oferecer uma compreensão aprofundada sobre o assunto, com foco nas questões mais específicas e técnicas dessa reforma.
Índice
Quais foram as principais mudanças no Ensino Médio?
Qual a organização ideal de oferta de itinerários formativos?
Qual a quantidade mínima obrigatória de itinerários, como será o formato EAD e qual a data limite de implementação do Novo EM?
Como divulgar os itinerários formativos de forma a mobilizar o interesse e a participação dos estudantes?
Como orientar os estudantes para realizar suas escolhas?
Quantos itinerários formativos cada estudante pode fazer ao mesmo tempo?
Como itinerários formativos devem ser testados, avaliados e aprimorados?
Como se dará a progressão dos alunos nos itinerários formativos?
O que deve conter um certificado, diploma e/ou histórico escolar dos itinerários?
Quais foram as principais mudanças no Ensino Médio?
Uma das principais mudanças do Novo Ensino Médio foi propor um ensino em tempo integral, aumentando a carga horária dos alunos na escola. Mas o que isso significa de verdade?
Isso significa que o objetivo do Novo Ensino Médio é oferecer um ensino completo, levando em consideração todas as necessidades de aprendizado para o mundo moderno. Para tanto, é preciso ter um ensino integral, com uma carga horária maior, entre 7 e 9 horas.
*Fonte: CONSED
Já a principal mudança estrutural do Novo Ensino Médio foi a divisão do currículo escolar da seguinte forma:
- formação geral básica e projeto de vida, com os conhecimentos previstos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC);
- itinerários formativos e eletivas, parte flexível do currículo.
*Fonte: CONSED
2. Como organizo a minha oferta de itinerários formativos?
Como funcionam os itinerários formativos?
Os itinerários formativos se desenvolvem a partir de 4 eixos estruturantes. Esses eixos são como “volantes” que direcionam as experiências educativas dos alunos com base na realidade contemporânea de cada um, auxiliando o desenvolvimento de habilidades relevantes para a formação deles.
*Fonte: CONSED
Os eixos são:
1. Investigação científica
Trata-se da investigação sobre a realidade a partir de vivências e experiências práticas. Os alunos vão desenvolver o pensamento e o fazer científico junto à compreensão e capacidade de solucionar problemas cotidianos, visando ao desenvolvimento local e à melhoria da qualidade de vida na comunidade.
2. Processos criativos
Os estudantes do Novo Ensino Médio serão incentivados a fazer trabalhos criativos que combinem uma série de manifestações linguísticas, culturais e científicas. Isso deve ser feito a partir do conhecimento e da experimentação em arte, cultura, e ciência, possibilitando a criação de soluções inovadoras para a sociedade.
3. Mediação e intervenção cultural
Os jovens serão estimulados a se envolver na vida pública através de projetos de mobilização e intervenção sociocultural. O propósito deste eixo é oferecer aos estudantes as ferramentas necessárias para que possam construir transformações positivas em sua comunidade a partir do contato direto e prático com projetos de mobilização social, intervenções culturais e ambientais.
4. Empreendedorismo
O eixo de empreendedorismo é um dos mais relevantes quando o assunto é desenvolver o olhar do aluno para se enxergar como protagonista da sua própria jornada.
Eles vão criar projetos pessoais a partir da identificação de problemas. Isso envolve o planejamento e teste das soluções elaboradas e, ao final, o aprimoramento das soluções encontradas.
Dessa forma, o estudante do Novo Ensino Médio terá mais facilidade para identificar os seus desejos e inspirações pessoais. A partir desse olhar, será possível buscar formas de transformar ideias pessoais em empreendimentos, enfrentando problemas e desafiando as próprias capacidades.
Como será a carga horária para os itinerários formativos?
Antes da reforma, as escolas deveriam ter uma carga horária de 2.400 horas no Ensino Médio. Com a mudança, a carga horária total vai para 3.000 horas somadas ao longo dos três anos, até 2022; e 4.200 horas no futuro ainda sem data definida.
*Fonte: CONSED
A carga horária da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) deve ter no mínimo 1.800 horas ao longo dos três anos do Ensino Médio. Isso significa que as instituições de ensino precisam dedicar essas horas para trabalhar as quatro áreas do conhecimento obrigatórias, que são:
- Linguagens e suas Tecnologias;
- Matemática e suas Tecnologias;
- Ciências da Natureza e suas Tecnologias;
- Ciências Humanas e Sociais Aplicadas.
A carga horária restante, que são 1.200 horas, deve ser destinada aos itinerários formativos, distribuídos entre aprofundamento em áreas do conhecimento, projeto de vida e eletivas.
Os itinerários podem ser organizados em uma ou mais áreas do conhecimento e de formação técnica e profissional, e os alunos podem cursar, ao longo das horas, um ou mais itinerários formativos.
A organização dos itinerários formativos não tem uma receita pronta que atende às necessidades de todas as escolas. Como os documentos oficiais dão liberdade para as escolas montarem parte da grade, algumas instituições enfrentam dificuldades.
Veja um exemplo de carga horária nas escolas estaduais de São Paulo:
*Carga horária exemplo das escolas estaduais de SP
*Carga horária sugestiva do CONSED
Quais elementos devem conter nos itinerários formativos?
Se você está na linha de frente para a implementação do Novo Ensino Médio, tem que entender os elementos que devem compor os itinerários formativos. Isso serve como base para os passos necessários que virão a seguir.
Portanto, vamos esclarecer cada elemento:
Áreas do conhecimento
*Fonte: CONSED
O objetivo é expandir os aprendizados promovidos pela BNCC e buscar um aprendizado mais prático no dia a dia do aluno.
*Exemplo itinerário em Linguagens do estado de São Paulo
*Exemplo de itinerário do Sistema Anglo
Eletivas
São unidades curriculares de livre escolha dos estudantes, com duração de um semestre cada, que lhes possibilitam experimentar diferentes temas, vivências e aprendizagens, de maneira a diversificar e enriquecer o seu itinerário formativo.
Nesse sentido, os alunos terão a opção de cursar eletivas na mesma área do conhecimento ou formação técnica e profissional em que estiverem se aprofundando ou associadas às outras áreas do conhecimento.
É importante que as eletivas tenham intencionalidade pedagógica e se articulem com as áreas do conhecimento e as Competências Gerais da BNCC. Na formação técnica e profissional, as FICs (Curso de Qualificação Profissional) também podem ser ofertadas como eletivas.
*Exemplo de eletivas do Sistema Anglo
Projeto de vida
É um trabalho pedagógico intencional e estruturado que tem como objetivo primordial desenvolver a capacidade do estudante de dar sentido à sua existência, tomar decisões, planejar o futuro e agir no presente com autonomia e responsabilidade.
Recomenda-se que seja transformado em componente curricular com carga horária de, pelo menos, dois tempos de aula por semana, a ser desenvolvido ao longo dos três anos de Ensino Médio. Todo o processo deve ser permeado por vivências que lhes permitam desenvolver competências como autoconfiança, determinação e resiliência.
Formação técnica e profissional
*Fonte: CONSED
Na formação técnica e profissional, a expansão se dá juntamente ao desenvolvimento de habilidades básicas requeridas pelo mundo do trabalho e habilidades específicas relacionadas aos Cursos Técnicos, Cursos de Qualificação Profissional (FICs) ou Programa de Aprendizagem Profissional escolhidos pelos estudantes.
*Exemplos de estruturas de itinerário técnico profissional das escolas estaduais de SP
Qual a quantidade mínima obrigatória de itinerários, como será o formato EAD e qual a data limite de implementação do Novo EM?
As redes de ensino terão autonomia para escolher quantos itinerários quiserem ofertar, tendo a obrigação de ofertar, no mínimo, duas opções.
O ideal é garantir que os estudantes tenham a possibilidade de se aprofundar em qualquer uma das quatro áreas do conhecimento ou na formação técnica e profissional, de acordo com o seu interesse.
As escolas podem escolher o que vão ofertar de acordo com a relevância para o contexto local e as possibilidades das redes de ensino.
Além disso, as escolas podem fazer parcerias com outras instituições e ofertar uma porcentagem de aulas em formato EAD.
Essa porcentagem pode ser de até:
- 20% no Ensino Médio diurno;
- 30% no Ensino Médio noturno;
- 80% na Educação de Jovens e Adultos (EJA).
É de responsabilidade das redes e instituições de ensino definir qual configuração se aplica melhor à realidade de sua comunidade escolar, tendo como data limite de implementação o ano de 2022.
Como divulgar os itinerários formativos de forma a mobilizar o interesse e a participação dos estudantes?
As escolas devem preparar um material atrativo que contenha todas as informações sobre os itinerários formativos de forma clara e objetiva, destinado ao público jovem.
Nesse sentido, é necessário assegurar que essas informações cheguem a todos os estudantes, tanto pelo material divulgado em ações presenciais nas escolas, quanto nas mídias sociais.
*Fonte: CONSED
Para chamar a atenção dos estudantes e despertar o interesse deles, é necessário que os aprofundamentos e as eletivas dos itinerários formativos recebam títulos atrativos e sejam elaborados em torno de temas estimulantes, que dialoguem com questões contemporâneas e estejam em sintonia com o universo, a cultura jovem e as demandas relacionados ao mercado de trabalho.
No que diz a respeito à comunicação social, há uma parte da estratégia que depende da secretaria de educação e outras que dependem da escola.
Como orientar os estudantes para realizar suas escolhas?
O primeiro passo é usar o projeto de vida como uma grande oportunidade para orientar os alunos a se conhecerem melhor, refletirem sobre suas oportunidades e tomarem decisões definidas e assertivas, inclusive em relação à trajetória escolar.
Essas atividades incluem tutoriais, onde professores previamente formados conversam individualmente com os jovens, para orientá-los e incentivá-los a ter autonomia e independência na tomada de decisões.
Além disso, é importante estimular os jovens “calouros” a conversar com os veteranos de cada aprofundamento e eletiva, a fim de estimular a troca de experiências.
No 1° ano do Ensino Médio, é recomendado que os profissionais trabalhem mais afundo com o projeto de vida (com foco no autoconhecimento) e as eletivas (para experimentar e descobrir vocações associadas a diferentes áreas de conhecimento ou à formação técnica e profissional).
Dessa forma, os jovens terão mais contribuições e segurança para decidir os aprofundamentos que desejam percorrer no 2º e 3° ano. É importante o envolvimento da família nesse processo para dar apoio aos estudantes em suas decisões.
Quantos itinerários formativos cada estudante pode estudar ao mesmo tempo?
Desde que cumpram uma carga horária de 1.200 horas de itinerários formativos, os estudantes podem cursar os aprofundamentos e as eletivas conforme seus interesses e a disponibilidade de ofertas e vagas.
*Exemplos de possíveis composições do Sistema Anglo
Como os itinerários formativos devem ser testados, avaliados e aprimorados?
É de responsabilidade das secretarias de educação criarem indicadores, processos e ferramentas para monitorar a implementação dos itinerários formativos em suas escolas e nas instituições parceiras. Assim como construir mecanismos para avaliar a qualidade e o impacto desses percursos, considerando a visão do próprio estudante sobre a experiência pedagógica vivenciada, o seu aprendizado e desenvolvimento.
O processo tem que ser acompanhado por reuniões periódicas da equipe técnica da secretaria para análise das evidências coletadas e posterior tomada de decisão. A experiência com as escolas piloto pode contribuir fortemente com esse processo.
Como se dará a progressão dos alunos nos itinerários formativos?
Os estudantes serão promovidos quando completarem a carga horária e integrarem as habilidades propostas para cada eixo estruturante e/ou unidade curricular dos itinerários formativos.
No caso da formação técnica e profissional, há que se adequar às diretrizes e normas vigentes. Se o aluno não conseguir alcançar esses resultados, sugere-se que vivencie mais uma vez a unidade curricular norteada por um eixo estruturante que não foi bem aproveitado.
Essas questões precisam ser amplamente discutidas e alinhadas com o Conselho Estadual de Educação. É importante que os indicadores de promoção nos itinerários formativos tenham como foco central a garantia do desenvolvimento das competências e habilidades esperadas.
O que deve conter um certificado, diploma e/ou histórico escolar dos itinerários?
O certificado, diploma ou histórico escolar deve ser emitido pela escola de origem do estudante e conter a descrição personalizada dos diferentes percursos vivenciados por cada indivíduo, destacando as unidades curriculares e a carga horária cursadas ao longo dos itinerários formativos, incluindo os aprofundamentos, as eletivas e o projeto de vida.
No caso da formação técnica e profissional, existe a possibilidade de concessão de certificados intermediários de qualificação para o trabalho, quando a formação for estruturada e organizada em módulos com terminalidades específicas.
No caso de parcerias na oferta, a organização parceira deve emitir certificados, diplomas ou outros documentos comprobatórios das atividades. Porém, o certificado de conclusão do Ensino Médio será gerado somente no caso de o estudante ter cursado a formação geral e o itinerário formativo completo.
Os históricos escolares que acompanham os certificados e diplomas devem explicitar o perfil profissional de conclusão, as unidades curriculares cursadas, registrando as respectivas cargas horárias, frequências e aproveitamento dos concluintes, e, quando for o caso, as horas de realização de estágio.
Além de informações sobre o que foi cursado pelos estudantes, sugere-se que o certificado, diploma ou histórico escolar descreva temas e projetos trabalhados, produtos realizados, habilidades desenvolvidas, além de participações em atividades relevantes para a sua formação, como representação estudantil, olimpíadas de conhecimento, campeonatos esportivos, espetáculos artísticos e culturais, congressos, gincanas, ações comunitárias, entre outras.
Como será o novo Enem?
O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) estará alinhado com as diretrizes curriculares do Novo Ensino Médio a partir de 2024, conforme informações divulgadas pelo Ministério da Educação (MEC).
Ainda em 2021, deve ocorrer a aprovação e homologação dos referenciais curriculares do Ensino Médio pelos Conselhos de Educação e a realização de formações para os profissionais da educação.
O cronograma prevê uma implementação gradual. Em 2022 serão implementadas as mudanças curriculares no 1º ano do Ensino Médio. Já em 2023, a implementação dos referenciais curriculares vai abranger o 1º e o 2º ano do Ensino Médio, tendo como objetivo final também abranger o 3º ano em 2024.
É dever das redes de ensino encaminharem ao MEC os referenciais curriculares alinhados à BNCC até fevereiro de 2022!
Esperamos que o nosso artigo tenha ajudado a esclarecer todas as suas dúvidas sobre o Novo Ensino Médio. Se ainda houver algum questionamento sobre as mudanças necessárias, fale com um especialista no assunto!
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