No desafio da adaptação das aulas à distância, ferramentas que estimulam o pensamento ativo auxiliam o aprendizado de estudantes e o planejamento docente em tempos de pandemia. Confira três sugestões de práticas ativas sugeridas pela Glaucileide Oliveira, designer pedagógica do Geekie One.
Qual a diferença entre um grupo de estudantes num espaço escolar contemporâneo e os filósofos que se reúnem na ágora para trocar ideias? Se a diferença primordial está no tempo histórico que separa as cenas, ambas são unidas pelo fator que não perde a importância na linha do tempo: o pensamento. Essa comparação é o exemplo de uma rotina de pensamento que torna a aprendizagem ativa, mesmo nas aulas a distância durante o período de distanciamento social provocado pelo coronavírus.
O incentivo a este raciocínio que vai longe é resultado da rotina ver, pensar e perguntar – uma das dinâmicas propostas pelos pesquisadores do Projeto Zero, da Universidade de Harvard. Ela faz parte dos processos da aprendizagem ativa, uma prática desafiadora em tempos de salas de aulas vazias e telas digitais cheias, principalmente de informação. Para conseguir alcançar o estudante no espaço virtual e garantir a troca mesmo entre telas, a chave é a valorização do pensamento, como nos tempos da ágora.
A importância do pensamento visível
O pensamento visível é um dos trunfos na prática da aprendizagem ativa. “A aprendizagem é muito abstrata quando acontece só na cabeça do estudante e o professor não consegue perceber a evolução desse pensamento, o que é mais desafiador no contexto online”, contextualiza Glaucileide Oliveira, designer pedagógica do Geekie One.
Mais do que um desafio em tempos de pandemia, a aprendizagem ativa é necessária para o desenvolvimento das competências e habilidades da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Para incentivá-la em aulas no contexto de distanciamento, Oliveira recomenda as rotinas de pensamento, com estruturas de construção menos complexas e que podem ser replicadas em diferentes momentos da aula, além das práticas ativas, com discussões, questionamentos e atividades que evidenciem se o aprendizado está ou não acontecendo.
1) Cor-símbolo-imagem para associações com o tema da aula
Incentivar o pensamento e a discussão aos(às) estudantes é possível tanto nas aulas assíncronas quanto síncronas. A designer pedagógica da Geekiepropõe rotinas para as duas situações, como a sugestão de pensamento cor-símbolo-imagem, para captar a essência de uma ideia de maneira não verbal.
A estratégia pode ser usada na introdução de um tema, antes de ser aprofundado, para começar a aproximar o estudante de um conceito.Nesta rotina, o aluno e a aluna deve associar uma cor, um símbolo e uma imagem ao assunto que está sendo estudado.
2) Ver-Pensar-Perguntar para destaque dos pontos mais relevantes
Quando o cenário é de reunião na mesma sala, só que virtual, vale a estratégia das anotações, nos casos de aulas mais expositivas. A interação é incentivada na rotina Ver-Pensar-Perguntar, despertando o foco nos pontos mais relevantes a serem expostos com perguntas prévias no início da aula.
A ideia é que o estudante anote, no decorrer da exposição, o conceito que achou mais complexo de entender, as perguntas que gostaria de discutir e tópicos que achou mais interessante. A intenção é direcionar pensamento com foco no momento de exposição para mantê-los conectados, como explica.
3) Manchetes para verificar a aprendizagem
Essas são algumas das possibilidades, que podem ser trabalhadas e adaptadas conforme a demanda dos professores e das professoras no contexto de ensino e aprendizagem. Ter retornos constantes dessas práticas também é fundamental. Isso deve ser feito com muito diálogo durante os encontros virtuais. Uma ideia para enriquecer essas trocas é a aplicação do “Check out”, uma última atividade na aula para incentivar estudantes a refletirem sobre o que aprenderam.
Isso pode ser feito com o pedido de uma manchete que reflita a questão central do que foi exposto. Qual título o estudante daria se a aula fosse uma matéria de jornal? O professor ou a professora vira editor para saber o quanto foi retido durante as aulas, e também planejar as próximas etapas de acordo com a absorção dos conceitos.
Quer saber em detalhes como aplicar essas e outras práticas ativas nas aulas a distância? Confira um bate-papo exclusivo sobre o assunto promovido pela Geekie.
Este artigo foi produzido por Daíza de Carvalho Lacerda redatora da Geekie. A Geekie é parceira da Imaginie.