O uso do mindfulness na escola tem se tornado cada vez mais frequente. Essa técnica pode ajudar os estudantes e professores a aprimorar a atenção, regular as emoções e a adquirir maior habilidade nas relações sociais.
As práticas de mindfulness, porém, estão permeadas por alguns mitos que precisam ser devidamente esclarecidos.
Neste artigo, vamos falar sobre essa técnica de meditação, seus resultados e como ela pode ser desenvolvida em sala de aula com os alunos. Confira!
O que é o mindfulness
Mindfulness é uma palavra inglesa que não tem um equivalente para o português. Mindful se refere a quem está atento ou consciente, e mindfulness seria o estado de estar atento, consciente.
O mindfulness surgiu na tradição budista. Atualmente existem muitos tipos de meditação e, embora sejam usualmente associadas ao budismo, há milênios ela se tornou laica e é uma prática sem nenhuma conotação religiosa.
Foi o biólogo e doutor em biologia molecular Jon Kabat-Zinn que introduziu a atividade no contexto clínico-acadêmico e científico. O objetivo era levar as práticas a todas as pessoas, para que usufruíssem de seus benefícios.
Ele instituiu um Programa de Redução do Estresse Baseado para ajudar pessoas que sofriam com dores e doenças crônicas que não respondiam bem ao tratamento convencional, de modo a proporcionar uma melhora na qualidade de vida. Em seguida, outros programas surgiram, com adaptações para diferentes públicos, introduzidos em organizações, instituições escolares e clínicas terapêuticas.
Essa técnica tem sido definida como a consciência do que está acontecendo. É dar atenção especial ao tempo presente, às experiências que surgem momento a momento, com curiosidade, abertura e sem julgamentos. O mindfulness é um conjunto de práticas formais ou informais, que podem ser realizadas por adultos, adolescentes e crianças.
Benefícios do mindfulness
Os benefícios do mindfulness na escola para os jovens acontecem tanto do ponto de vista da saúde pessoal como das relações éticas e sociais. Com a meditação o estudante passa a se conhecer melhor, seus pensamentos e emoções e, dessa forma, aprende a respeitar as diferenças e a ser empático com o outro.
Além disso, a prática coletiva possibilita a troca de experiências entre os alunos, ajudando-os a desenvolver a cooperação e o companheirismo.
Outros benefícios destacados são:
- redução da preocupação e do estresse;
- aumento da atenção, concentração e engajamento;
- melhora nos relacionamentos pessoais;
- proporciona sabedoria para lidar com as emoções;
- possibilita consciência postural e respiratória;
- melhora a qualidade do sono;
- aprimora a memória;
- aumenta o controle em momentos decisivos, como nas avaliações escolares e nos exames vestibulares;
- permite um estado de bem-estar permanente.
[E-book Gratuito]
Tem dúvidas sobre como preparar os alunos para o Enem? Veja as dicas que preparamos para você neste e-book!
Resultados
Segundo um estudo realizado no Reino Unido, ensinar os jovens a meditar e a viver o momento presente, em vez de se preocuparem com o futuro ou pensarem no passado, pode ser algo “chato”.
A experiência foi realizada em 85 escolas secundárias com milhares de alunos e centenas de professores. A maioria dos estudantes demonstrou pouco interesse em utilizar o método.
Contudo, os pesquisadores dizem que esses resultados, apesar de decepcionantes, são muito úteis. Embora o mindfulness na escola possa ajudar alguns alunos, oferecê-lo sem uma avaliação diagnóstica por ser um erro.
Dessa forma, o estudo recomenda explorar outras intervenções que possam ser úteis, como fornecer uma ajuda mais específica de saúde mental, caso seja necessária.
Também não se pode ignorar que devido à pandemia os dois últimos anos foram muito difíceis para todos. Nessas circunstâncias, talvez a amostra do estudo não tenha apresentado uma grande melhora no bem-estar.
Nesse sentido, a pesquisa reforça a importância na coleta de dados para descobrir se o método realmente funciona. Além disso, os resultados não descartam o potencial do mindfulness na escola. Afinal, como em qualquer terapia, ela funciona para algumas pessoas, mas não para todas.
Como desenvolver o mindfulness na escola
Primeiramente, para colocar em prática o mindfulness na escola é preciso levar em conta como é a instituição. Ou seja, se faz necessário considerar questões, como o entorno, a quantidade de alunos, a idade e questões emocionais ou comportamentais.
Muitas escolas já perceberam o valor dessa prática e têm a incentivado com aulas específicas, normalmente associadas a aulas de Yoga, ou por meio da formação do corpo docente para serem utilizadas no começo das aulas, ou nos momentos que acharem necessário para retomar o foco e a concentração necessárias ao processo de aprendizagem dos estudantes.
Para começar, o mindfulness pode ser introduzido em qualquer escola. Basta o professor dispor de 10 a 20 minutos para fazer uma atividade, já que é preciso educar além da leitura e escrita, abarcando também a inteligência emocional.
No início de qualquer aula, o professor pode parar por um minuto apenas e propor o exercício de inspirar e expirar contando até 10. Isso ajuda a oxigenar o cérebro e inibe atitudes impulsivas.
Uma boa opção é utilizar as aulas de artes para trabalhar com desenhos e pinturas conscientes. Pode-se usar uma música clássica de fundo para criar um ambiente harmonioso. Também vale iniciar e terminar uma atividade usando um sino ou um instrumento musical.
Outra sugestão é promover na aula de educação física um momento de atenção plena na respiração, o que ajuda a desacelerar os batimentos cardíacos e trazer relaxamento.
Antes de aplicar alguma avaliação também é possível propor uma prática rápida de respiração. Isso vai ajudar bastante a diminuir a ansiedade e melhorar a memória dos alunos.
A última dica é promover momentos para observar os sons do ambiente, dentro e fora da sala de aula com atenção plena.O que você achou da prática do mindfulness na escola? Também temos um artigo sobre a meditação nas escolas para entender mais do assunto!