A educação inclusiva é a estratégia encontrada para enfrentar vários problemas de preconceito e ainda promover o desenvolvimento de alunos que necessitam de uma atenção especial.
Durante muitos anos se pensou que alunos que apresentassem algum tipo de deficiência ou característica própria, como os surdos, deveriam possuir uma escola própria e interagir de modo geral apenas com seus pares.
Porém, já se sabe que estudantes que possuem algum tipo de deficiência ou característica particular são completamente capazes de se desenvolver plenamente e que, para isso, precisam se integrar a outros grupos e não apenas interagir com aqueles que compartilham da mesma deficiência.
Porém, além de deficientes, a educação inclusiva também abrange outros grupos de alunos, como autistas e estudantes superdotados.
Se você quer conhecer melhor o que é a educação inclusiva e ainda os desafios que ela precisa enfrentar para ser amplamente estabelecida nas escolas brasileiras, este artigo foi feito para você. Esperamos profundamente que aproveite bem as informações que trouxemos para você e que tenha uma boa leitura!
O que é a educação inclusiva?
A educação inclusiva é uma proposta que procura trazer às escolas regulares alunos especiais.
Nesse sentido, é dever da escola transformar e adequar o ambiente aos alunos que possuem qualquer tipo de atendimento especializado, com o objetivo de desenvolver estes alunos completamente.
A educação inclusiva abrange três grupos de estudantes. São eles:
- alunos com deficiência;
- alunos com transtornos globais de desenvolvimento ou transtorno do espectro autista;
- alunos com altas habilidades ou superdotação
Após conhecer os grupos que estão dentro da educação inclusiva, vamos te mostrar os princípios e fundamentos que regem a educação inclusiva. Acompanhe!
Quais os princípios e fundamentos da educação inclusiva?
Além de conhecer os grupos acolhidos pela inclusão é substancial que você conheça também os fundamentos e princípios que regem a educação inclusiva. Então, conheça-os a seguir:
- Toda pessoa tem o direito de acesso à educação
- Toda pessoa aprende
- O processo de aprendizagem de cada pessoa é singular
- O convívio no ambiente escolar comum beneficia a todos
- A educação inclusiva diz respeito a todos
Além desses, há mais dois princípios gerais que estão no cerne da educação inclusiva. Vamos mostrá-los a você abaixo.
Toda criança tem direito à educação e oportunidade de atingir um nível adequado de aprendizagem
Esse é um grande princípio que traz à tona a ideia de que todas as crianças — especiais ou não — têm o direito de atingir um nível adequado de aprendizagem.
E esse nível de aprendizagem só é atingido, por completo, quando escolas regulares assumem a missão e a obrigação de educar e desenvolver plenamente estudantes que possuem necessidades especiais.
As características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem são únicas
“Todos são diferentes entre si” é, além de uma máxima, um princípio fundador da educação inclusiva.
E para que esse princípio seja colocado em prática, o ideal é que, na hora de ensinar, os professores e professoras enxergem e foquem nas habilidades e individualidades dos estudantes e não em suas limitações.
Além desses dois grandes fundamentos gerais, a LDB (Lei de Diretrizes Básicas da Educação) também versa em seu artigo 3º, inciso I sobre a igualdade de condições de acesso. Veja a letra da lei especificamente:
- LDB: Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
- I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
A LDB, uma das legislações vigentes brasileiras, trata da questão da educação inclusiva no Brasil. Mas além dela há outras leis, decretos e resoluções que regem a inclusão no país.
É muitíssimo importante conhecer o histórico dessa legislação no país e no mundo e entender toda a discussão e as diretrizes que permeiam a educação inclusiva.
Além disso, conhecer o histórico da legislação serve para que as instituições de ensino saibam que atualmente a inclusão já não é mais uma opção e sim uma obrigação.
A seguir vamos te mostrar uma linha histórica sobre as leis, decretos e demais normas que regulam a educação inclusiva em âmbito nacional e internacional.
Além disso, a educação inclusiva pauta-se em 5 pilares. Conheça-os agora:
- Toda pessoa tem o direito de acesso à educação
- Toda pessoa aprende
- O processo de aprendizagem de cada pessoa é singular
- O convívio no ambiente escolar comum beneficia a todos
- A educação inclusiva diz respeito a todos
Muito bem, agora que você sabe do que se trata a educação inclusiva e ainda quais são os 5 pilares, vamos te contar um pouquinho da história deste tipo de educação no Brasil. Acompanhe!
Qual o histórico da Legislação sobre educação inclusiva no Brasil e no mundo?
Conhecer o histórico da Legislação sobre a educação inclusiva no Brasil e no mundo é fundamental para entender a história desse tema e assim, compreender que a inclusão ainda caminha a passos lentos, mas a discussão e o estabelecimento de normas acontece.
E mais, entender essas normas têm mudado a realidade de crianças e adolescentes, que hoje podem se desenvolver plenamente e em contato com grupos diferentes.
Porém, ainda há uma intensa discussão sobre a legislação que determina o que deve ser feito no Brasil. Veja um trecho sobre as ainda vivas discussões que envolvem a educação inclusiva e o Ministério da Educação no Brasil, retirado do site Todos Pela Educação, um site do governo:
O debate sobre a Educação Especial e Inclusiva no Brasil, em especial no aspecto de incluir a todos em instituições de ensino regulares (ou seja, as que misturam alunos com e sem deficiência), tem sido intenso nos últimos anos. Atualmente, o Ministério da Educação (MEC) está revisando a atual Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da
Educação Inclusiva (PNEEPEI), que é de 2008. O texto proposto enfrenta forte oposição de alguns grupos de educadores que tratam do assunto, para quem a nova redação voltaria a estimular a volta da separação das pessoas com deficiência indo na contramão da perspectiva social – que aponta para a eliminação das barreiras e na promoção da acessibilidade, e não separação dos alunos com e sem deficiência.
Tudo isso nos leva a crer que, cada vez mais, a educação inclusiva deve ser pauta de discussões e estar sempre incluída em planejamentos escolares.
Para que você entenda todas as leis, decretos e resoluções sobre educação inclusiva no Brasil e no restante do Mundo, vamos a seguir te mostrar uma linha do tempo bem detalhada.
Vale ressaltar, que todos os dados que colhemos sobre essa linha do tempo foram retirados do site governamental Todos pela Educação. Fique a vontade para conferir as informações se achar necessário.
Legislação sobre educação inclusiva no Brasil
1961 – Lei Nº 4.024
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN) fundamentava o atendimento educacional às pessoas com deficiência, chamadas no texto de “excepcionais” (atualmente, este termo está em desacordo com os direitos fundamentais das pessoas com deficiência). Segue trecho: “A Educação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de Educação, a fim de integrá-los na comunidade.”
1971 – Lei Nº 5.692
A segunda lei de diretrizes e bases educacionais do Brasil foi feita na época da ditadura militar (1964-1985) e substituiu a anterior. O texto afirma que os alunos com “deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados deverão receber tratamento especial”. Essas normas deveriam estar de acordo com as regras fixadas pelos Conselhos de Educação. Ou seja, a lei não promovia a inclusão na rede regular, determinando a escola especial como destino certo para essas crianças.
1988 – Constituição Federal
O artigo 208, que trata da Educação Básica obrigatória e gratuita dos 4 aos 17 anos, afirma que é dever do Estado garantir “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino”. Nos artigos 205 e 206, afirma-se, respectivamente, “a Educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho” e “a igualdade de condições de acesso e permanência na escola”.
1989 – Lei Nº 7.853
O texto dispõe sobre a integração social das pessoas com deficiência. Na área da Educação, por exemplo, obriga a inserção de escolas especiais, privadas e públicas, no sistema educacional e a oferta, obrigatória e gratuita, da Educação Especial em estabelecimento público de ensino. Também afirma que o poder público deve se responsabilizar pela “matrícula compulsória em cursos regulares de estabelecimentos públicos e particulares de pessoas portadoras de deficiência capazes de se integrarem no sistema regular de ensino”. Ou seja: excluía da lei uma grande parcela das crianças ao sugerir que elas não são capazes de se relacionar socialmente e, consequentemente, de aprender. O acesso a material escolar, merenda escolar e bolsas de estudo também é garantido pelo texto.
1990 – Lei Nº 8.069
Mais conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Nº 8.069 garante, entre outras coisas, o atendimento educacional especializado às crianças com deficiência preferencialmente na rede regular de ensino; trabalho protegido ao adolescente com deficiência e prioridade de atendimento nas ações e políticas públicas de prevenção e proteção para famílias com crianças e adolescentes nessa condição.
1994 – Política Nacional de Educação Especial
Em termos de inclusão escolar, o texto é considerado um atraso, pois propõe a chamada “integração instrucional”, um processo que permite que ingressem em classes regulares de ensino apenas as crianças com deficiência que “(…) possuem condições de acompanhar e desenvolver as atividades curriculares programadas do ensino comum, no mesmo ritmo que os alunos ditos “normais” (atualmente, este termo está em desacordo com os direitos fundamentais das pessoas com deficiência). Ou seja, a política excluía grande parte dos alunos com deficiência do sistema regular de ensino, “empurrando-os” para a Educação Especial.
1996 – Lei Nº 9.394
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) em vigor tem um capítulo específico para a Educação Especial. Nele, afirma-se que “haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de Educação Especial”. Também afirma que “o atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a integração nas classes comuns de ensino regular”. Além disso, o texto trata da formação dos professores e de currículos, métodos, técnicas e recursos para atender às necessidades das crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação.
1999 – Decreto Nº 3.298
O decreto regulamenta a Lei nº 7.853/89, que dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência e consolida as normas de proteção, além de dar outras providências. O objetivo principal é assegurar a plena integração da pessoa com deficiência no “contexto socioeconômico e cultural” do País. Sobre o acesso à Educação, o texto afirma que a Educação Especial é uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades de ensino e a destaca como complemento do ensino regular.
2001 – Lei Nº 10.172
O Plano Nacional de Educação (PNE) anterior, criticado por ser muito extenso, tinha quase 30 metas e objetivos para as crianças e jovens com deficiência. Entre elas, afirmava que a Educação Especial, “como modalidade de Educação escolar”, deveria ser promovida em todos os diferentes níveis de ensino e que “a garantia de vagas no ensino regular para os diversos graus e tipos de deficiência” era uma medida importante.
2001 – Resolução CNE/CEB Nº 2
O texto do Conselho Nacional de Educação (CNE) institui Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Entre os principais pontos, afirma que “os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizar-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma Educação de qualidade para todos”. Porém, o documento coloca como possibilidade a substituição do ensino regular pelo atendimento especializado . Considera ainda que o atendimento escolar dos alunos com deficiência tem início na Educação Infantil, “assegurando- lhes os serviços de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e interação com a família e a comunidade, a necessidade de atendimento educacional especializado”.
2002 – Resolução CNE/CP Nº1/2002
A resolução dá “diretrizes curriculares nacionais para a formação de professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena”. Sobre a Educação Inclusiva, afirma que a formação deve incluir “conhecimentos sobre crianças, adolescentes, jovens e adultos, aí incluídas as especificidades dos alunos com necessidades educacionais especiais”.
2002 – Lei Nº 10.436/02
Reconhece como meio legal de comunicação e expressão a Língua Brasileira de Sinais (Libras).
2005 – Decreto Nº 5.626/05
Regulamenta a Lei Nº 10.436, de 2002 (link anterior).
2006 – Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos
Documento elaborado pelo Ministério da Educação (MEC), Ministério da Justiça, Unesco e Secretaria Especial dos Direitos Humanos. Entre as metas está a inclusão de temas relacionados às pessoas com deficiência nos currículos das escolas.
2007 – Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE)
No âmbito da Educação Inclusiva, o PDE trabalha com a questão da infraestrutura das escolas, abordando a acessibilidade das edificações escolares, da formação docente e das salas de recursos multifuncionais.
2007 – Decreto Nº 6.094/07
O texto dispõe sobre a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação do MEC. Ao destacar o atendimento às necessidades educacionais especiais dos alunos com deficiência, o documento reforça a inclusão deles no sistema público de ensino.
2008 – Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva
Documento que traça o histórico do processo de inclusão escolar no Brasil para embasar “políticas públicas promotoras de uma Educação de qualidade para todos os alunos”.
2008 – Decreto Nº 6.571
Dispõe sobre o atendimento educacional especializado (AEE) na Educação Básica e o define como “o conjunto de atividades, recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar à formação dos alunos no ensino regular”. O decreto obriga a União a prestar apoio técnico e financeiro aos sistemas públicos de ensino no oferecimento da modalidade. Além disso, reforça que o AEE deve estar integrado ao projeto pedagógico da escola.
2009 – Resolução Nº 4 CNE/CEB
O foco dessa resolução é orientar o estabelecimento do atendimento educacional especializado (AEE) na Educação Básica, que deve ser realizado no contraturno e preferencialmente nas chamadas salas de recursos multifuncionais das escolas regulares. A resolução do CNE serve de orientação para os sistemas de ensino cumprirem o Decreto Nº 6.571.
2011 – Decreto Nº 7.611
Revoga o decreto Nº 6.571 de 2008 e estabelece novas diretrizes para o dever do Estado com a Educação das pessoas público-alvo da Educação Especial. Entre elas, determina que sistema educacional seja inclusivo em todos os níveis, que o aprendizado seja ao longo de toda a vida, e impede a exclusão do sistema educacional geral sob alegação de deficiência. Também determina que o Ensino Fundamental seja gratuito e compulsório, asseguradas adaptações razoáveis de acordo com as necessidades individuais, que sejam adotadas medidas de apoio individualizadas e efetivas, em ambientes que maximizem o desenvolvimento acadêmico e social, de acordo com a meta de inclusão plena, e diz que a oferta de Educação Especial deve se dar preferencialmente na rede regular de ensino.
2011 – Decreto Nº 7.480
Até 2011, os rumos da Educação Especial e Inclusiva eram definidos na Secretaria de Educação Especial (Seesp), do Ministério da Educação (MEC). Hoje, a pasta está vinculada à Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi).
2012 – Lei nº 12.764
A lei institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista.
2014 – Plano Nacional de Educação (PNE)
A meta que trata do tema no atual PNE, como explicado anteriormente, é a de número 4. Sua redação é: “Universalizar, para a população de 4 a 17 anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados”. O entrave para a inclusão é a palavra “preferencialmente”, que, segundo especialistas, abre espaço para que as crianças com deficiência permaneçam matriculadas apenas em escolas especiais.
2019 – Decreto Nº 9.465
Cria a Secretaria de Modalidades Especializadas de Educação, extinguindo a Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi). A pasta é composta por três frentes: Diretoria de Acessibilidade, Mobilidade, Inclusão e Apoio a Pessoas com Deficiência; Diretoria de Políticas de Educação Bilíngue de Surdos; e Diretoria de Políticas para Modalidades Especializadas de Educação e Tradições Culturais Brasileiras.
Fonte: Todos pela educação
Histórico da Legislação sobre a educação inclusiva no Mundo
1990 – Declaração Mundial de Educação para Todos
No documento da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), consta: “as necessidades básicas de aprendizagem das pessoas portadoras de deficiências requerem atenção especial. É preciso tomar medidas que garantam a igualdade de acesso à Educação aos portadores de todo e qualquer tipo de deficiência, como parte integrante do sistema educativo”. O texto ainda usava o termo “portador”, hoje não mais utilizado.
1994 – Declaração de Salamanca
O documento é uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) e foi concebido na Conferência Mundial de Educação Especial, em Salamanca (Espanha). O texto trata de princípios, políticas e práticas das necessidades educativas especiais, e dá orientações para ações em níveis regionais, nacionais e internacionais sobre a estrutura de ação em Educação Especial. No que tange à escola, o documento aborda a administração, o recrutamento de educadores e o envolvimento comunitário, entre outros pontos.
1999 – Convenção da Guatemala
A Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, mais conhecida como Convenção da Guatemala, resultou, no Brasil, no Decreto nº 3.956/2001. O texto brasileiro afirma que as pessoas com deficiência têm “os mesmos direitos humanos e liberdades fundamentais que outras pessoas e que estes direitos, inclusive o direito de não ser submetidas a discriminação com base na deficiência, emanam da dignidade e da igualdade que são inerentes a todo ser humano”. Novamente, o texto ainda utiliza a palavra “portador”, hoje não mais utilizado.
2009 – Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência
A convenção foi aprovada pela ONU e tem o Brasil como um de seus signatários. Ela afirma que os países são responsáveis por garantir um sistema de Educação Inclusiva em todos as etapas de ensino.
2015 – Declaração de Incheon
O Brasil participou do Fórum Mundial de Educação, em Incheon, na Coréia do Sul, e assinou a sua declaração final, se comprometendo com uma agenda conjunta por uma Educação de qualidade e inclusiva.
2015 – Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
Originada da Declaração de Incheon, o documento da Unesco traz 17 objetivos que devem ser implementados até 2030. No 4º item, propõe como objetivo: assegurar a Educação Inclusiva, equitativa e de qualidade, e promover oportunidades de aprendizagem ao longo da vida para todos.
Fonte: Todos pela educação
Bom, essa é a Legislação brasileira e mundial acerca da educação inclusiva, ela nos mostra como esse é um tema que se discute já há algum tempo. Ainda assim, não chegamos ao patamar de inclusão esperado e almejado.
A importância da educação inclusiva, muitas vezes, ainda passa despercebida, o que precisa ser rapidamente modificado e incluído nas pautas escolares.
Conheça, portanto, a importância da educação inclusiva para a comunidade no próximo tópico.
Qual a importância da educação inclusiva para a comunidade?
A importância de integrar à escola regular alunos especiais é imensa. Isso porque a segregação é algo que precisa ser amplamente combatido e a diversidade precisa ser promovida.
Esse é, inclusive, um dos pilares pregados pela BNCC, que deve servir como um guia para o currículo de toda a educação básica brasileira.
Além disso, a educação inclusiva beneficia não só estudantes que precisam de alguma ação especial, mas também aqueles que não necessitam. Promovendo o conhecimento de que o outro sempre será diferente em suas particularidades e sempre necessitará de respeito, é possível trabalhar as competências socioemocionais BNCC, como a empatia, e promover um ambiente seguro e livre de bullying escolar.
Porém, a aplicação da educação inclusiva na prática não é assim tão fácil quanto parece.
Para adotá-la em sua escola, você precisará modificar toda a estrutura da instituição, capacitar toda a comunidade escolar e muito mais.
É perceptível como a educação inclusiva no Brasil apresenta ainda grandes desafios a serem enfrentados. A seguir, vamos te contar alguns destes desafios.
Quais os desafios de se incluir a educação inclusiva nas escolas brasileiras?
A educação inclusiva é extremamente importante e traz benefícios para toda a sociedade, porém, infelizmente ainda apresenta uma série de desafios a ser enfrentados. Trouxemos alguns destes desafios para que você tenha conhecimento, veja-os a seguir:
1. Comunidade escolar despreparada para lidar com a inclusão
Um dos desafios que a educação inclusiva ainda encontra no Brasil para ser implantada é a despreparação da comunidade escolar para lidar com a inclusão.
Isso acontece porque não possuímos uma educação voltada à inclusão. Apesar de a Língua de Sinais Brasileira ser reconhecida como uma segunda língua do país, ela ensina apenas aos alunos surdos. Então, quando alunos não especiais têm contato com aqueles que precisam de ações especiais, eles encontrar dificuldades em se comunicar, por exemplo.
Professores, coordenadores, diretores e funcionários também não possuem capacitação para receber e educar alunos especiais, o que é um empecilho para que a inclusão seja aplicada em sua totalidade.
2. Infraestrutura escolar que não atende às especificidades da educação inclusiva
Um outro desafio para se instituir uma educação inclusiva é a infraestrutura. Para que a escola possa aceitar e desenvolver alunos especiais, ela precisa estar devidamente estruturada, com todos os meios de acesso, como rampas e demais medidas de acessibilidade.
Isso nem sempre é cumprido, dificultando a circulação dos estudantes nas dependências da escola.
3. Preconceito
Infelizmente, o preconceito ainda é um grande desafio a ser enfrentado pela educação inclusiva no Brasil.
E a segregação e o preconceito só serão vencidos a partir do contato com o outro que é diferente e com o desenvolvimento do respeito. Portanto, a educação inclusiva precisa ser implantada para que cada vez menos vejamos este tipo de comportamento permeando a sociedade.
4. Déficit de profissionais especializados
Ainda hoje há um déficit de profissionais especializados em educação inclusiva. Para que a inclusão aconteça plenamente, em muitos casos, é necessário que um profissional especializado esteja lado a lado diariamente do estudante especial, para que junto ao professor regular consigam desenvolver completamente este aluno.
Porém, com o déficit destes profissionais, muitas vezes a inclusão se torna incompleta. Além disso, o que acontece também é que os profissionais especializados sentem-se sobrecarregados, já que precisam desempenhar o papel de tradutores e ainda o de professores regulares, quando estes não possuem capacitação para lidar com alunos especiais.
Os desafios são muitos e precisam ser superados. Por isso, a seguir vamos te mostrar algumas práticas pedagógicas inclusivas que poderão ajudar a vencer esses desafios. Acompanhe!
Quais as práticas pedagógicas posso adotar na escola para vencer os desafios e os mitos da educação inclusiva?
Separamos para você 6 práticas inclusivas para aplicá-las em sua escola. Confira-as a seguir:
1. A educação inclusiva deve fazer parte do dia a dia escolar
Essa é a primeira prática que você deve aplicar em sua escola.
A educação inclusiva deixou de ser uma prática paralela há algum tempo, mas ainda hoje enfrenta desafios para ser implementada nas instituições de ensino do país.
Isso acontece porque o assunto ainda se apresenta como um tabu social, o que deve ser desmistificado. É necessário que toda a comunidade esteja engajada em alcançar e implantar a educação inclusiva no seio escolar. E para isso, não se pode, nem se deve medir esforços.
O diálogo é a chave central, já que como a implementação de uma educação inclusiva ainda é algo novo. Todos: diretores e diretoras, coordenadores e coordenadoras, professores e professoras e estudantes devem participar de reuniões sobre o assunto e se inteirar sobre o seu papel dentro dessa nova lógica educacional.
2. Dentro da sala de aula: respeite os diferentes ritmos de aprendizado
O educador e a educadora serão os mediadores de uma prática inclusiva em sala de aula. É esse profissional que deverá orientar e guiar os alunos, sejam eles especiais ou não, pelo caminho do conhecimento.
E para que isso seja alcançado, os professores e professoras deverão saber respeitar os diferentes ritmos de aprendizagem. Isso significa, na prática, pegar a mão dos alunos e com muita paciência, baseado em estratégias pedagógicas, e ainda com muito cuidado ensinar aquilo que alguns dos alunos não conseguiram dominar na primeira explicação.
Em uma sala de aula inclusiva, os conteúdos das aulas são considerados objetos de
aprendizagem. À cada um dos alunos cabe atribuir, significar e construir conhecimentos de maneira autônoma, como prega a BNCC. Aos professores cabe mediar o caminho entre os objetos de aprendizagem e o desenvolvimento do conhecimento autônomo.
O professor não estará para sempre ao lado dos alunos, portanto, é seu dever entender que cada um se desenvolve em seu ritmo, sem se esquecer de trabalhar a independência de todos os alunos, inclusive os que possuem algum tipo de limitação.
O educador, então, deve passar ao estudante toda a confiança que ele precisa para se sentir capaz de resolver qualquer problema ou questão. É através desse caminho que será possível ao educador compartilhar, confrontar e resolver conflitos cognitivos dentro da sala de aula inclusiva.
3. Capacite os educadores e coordenadores de sua escola
Uma outra prática inclusiva que deve ser adotada é a capacitação de educadores e coordenadores escolares.
É dever da escola que se propõe a adotar uma educação inclusiva fornecer meios de capacitação profissional nesta área.
Para isso, há redes de apoio que podem ser acessadas. Afinal, não é obrigação saber ensinar e lidar com alunos com necessidades educacionais especiais sem nenhuma capacitação anterior, mas é obrigação procurar meios para se aprender. Portanto, confira a seguir quais são essas redes de apoio que a escola pode procurar para capacitar seus colaboradores:
- Atendimento Educacional Especializado (AEE);
- Profissionais da educação especial — intérpretes, professores de Braille etc. — da saúde e da família.
Além dessas redes, a escola pode também levar à instituição educadores especializados em educação inclusiva para dar palestras aos alunos e colaboradores, para que cada vez mais a educação inclusiva seja de fato alcançada.
4. Foque nas competências e não nas dificuldades dos estudantes
O educador e educadora que se propõe a ser inclusivo deverá focar nas competências e não nas dificuldades ou limitações dos estudantes que possuem Necessidades Educacionais Especiais.
Os professores e professoras deverão conhecer individualmente cada aluno que têm para, assim, conseguir identificar suas competências e trabalhá-las com carinho e atenção. Para isso, o tempo é o seu melhor amigo. Ninguém aprende a ensinar alunos com algum tipo de deficiência ou limitação do dia para noite, é necessário tempo, disciplina, empatia e capacitação.
Educadores que querem ser melhores devem não apenas esperar que a capacitação venha como uma prática da escola, mas sim buscar por uma formação continuada que os possibilidade enxergar a prática inclusiva como algo que faz parte de seu cotidiano escolar.
É claro que, sim, as limitações devem ser levadas em conta, mas não serão tratadas como o centro da educação. O professor inclusivo deverá pensar em práticas educacionais que consigam atingir diferentes alunos, apesar de suas limitações. O ideal não é buscar atividades distintas para alunos surdos ou cegos, por exemplo, mas procurar por atividades que de fato incluam alunos com necessidades especiais e os demais.
5. Todos os colaboradores da escola devem debater sobre os desafios da educação inclusiva
A educação inclusiva ainda é um desafio. E desafios só são vencidos por meio de debates. Após a implantação de medidas e práticas inclusivas, é normal que problemas apareçam, afinal, essa é uma prática nova dentro da educação.
Para solucionar possíveis questões e desafios, toda a comunidade escolar deve participar de debates para que as dificuldades sejam superadas. E quando nos referimos a toda a comunidade, estamos dizendo que diretores, pais, alunos sem necessidades especiais, alunos com necessidades especiais, educadores e coordenadores, todos esses devem partilhar suas experiências.
Somente assim a educação será realmente inclusiva, quando todos forem ouvidos e devidamente atendidos em suas necessidades.
6. Invista em formação continuada
Como mencionamos, é dever da escola, como instituição que se propõe a oferecer uma educação inclusiva, oferecer capacitação profissional. Porém, é também dever do educador e educadora procurar por essa capacitação de maneira autônoma.
A educação inclusiva é uma área do mercado de trabalho educacional que ainda apresenta déficit de especialistas.
Portanto, procurando por uma formação continuada nessa área, caminhos profissionais serão abertos e, além disso, a empatia será desenvolvida de maneira ainda mais profunda.
Sabemos como, em muitos casos, o tempo de coordenadores, demais colaboradores e, sobretudo, professores pode ser bastante reduzido, já que há muitas turmas para lecionar e atividades relacionadas ao exercício da docência.
Por isso, é importante que a escola pense em alternativas que deem tempo aos educadores para que esses se capacitem como devem para receber e ensinar estudantes especiais.
A seguir vamos te contar como isso pode ser facilitado com a ajuda de uma plataforma online.
Como uma plataforma online pode pode te ajudar a implantar uma educação inclusiva em sua escola?
A educação inclusiva vai requerer de toda a comunidade escolar muito empenho e dedicação.
A infraestrutura da escola precisará sofrer alterações, os professores, coordenadores e demais colaboradores deverão passar por capacitação e, além disso, a escola deverá se preparar para resolver situações relacionadas à bullying e diversas outras questões poderão surgir.
Isso tudo envolverá muito tempo e planejamento, um tempo que muitas vezes é escasso, principalmente entre os educadores e é nesse aspecto que uma plataforma online pode entrar como parceira.
Atualmente, já existem plataformas em que é possível planejar, desenvolver, aplicar e analisar os resultados de simulados e redações, promovendo avaliações diagnósticas contínuas e acompanhando as dificuldades e pontos de desenvolvimento de todos os alunos.
Isso é interessante porque irá adiantar e otimizar o tempo de professores e professoras, que terão um tempo há mais para se capacitar para ensinar alunos com necessidades especiais.
Portanto, não deixe para depois, já procure hoje mesmo por uma plataforma online parceira que ofereça soluções que ajudem a sua escola a ter mais tempo para pensar e se dedicar a aplicar, de fato, uma educação inclusiva.
Bom, esperamos que este tenha sido realmente um guia sobre a educação inclusiva e que a partir de sua leitura você tenha conseguido entender a importância de se adotar a inclusão em sua escola. Aproveite para ler o nosso post sobre as competências socioemocionais da BNCC, um assunto que, sem dúvida, irá ajudá-lo a entender melhor a inclusão.